Talvez esse post esteja um pouco atrasado. Mas o fato é que eu não podia deixar de comentar o segundo, e não tão novo, CD da cantora Roberta Sá. Lançado no ano passado, “Que Belo Estranho Dia pra se Ter Alegria” de primeira me soou estranho. Achei o estilo dos sambas um pouco diferente do que eu costumava ouvir. Mas bastou algumas idas e vindas de ônibus para eu me apaixonar pelo disco. O que era estranho passou a ser novo e bom. O repertório do álbum foi escolhido a dedo. Entre os compositores, os meninos da nova geração da música brasileira Rodrigo Maranhão, Moreno Veloso, Junio Barreto, Edu Krieger e Pedro Luís. Dá pra ver que Roberta está atenta ao que há de novo na música brasileira, sempre tão produtiva. Porém, ela também fez questão de gravar os bons e velhos músicos do samba. Compositores antigos, como Sidney Miller, Carvalhinho e os bambas Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho são homenageados com os arranjos e a belíssima interpretação de Roberta. Além disso, traz compositores de nomes desconhecidos, como o baiano Roque Ferreira, presente em “Laranjeira”. E, junto com o companheiro Pedro Luís, Roberta assina a calma “Janeiros”. Uma cantora que conhece e estuda a música do Brasil. E que, assim como as outras grandes intérpretes brasileiras, sabe o que está gravando, dá espaço aos iniciantes, reverencia os antigos e não tem medo de gravar o que é bom.
Eu simpatizei com a Roberta desde a primeira vez que ela cantou no “Fama”. Talvez, por seu estilo ou seu repertório. Na época, ela não era a favorita da casa, mas mesmo assim ficou bastante tempo no programa. Depois disso, gravou “A Vizinha do Lado”, de Dorival Caymmi, especialmente para entrar na trilha sonora de “Celebridade”, a novela de Gilberto Braga. Confesso que não acompanhei o lançamento do seu primeiro CD, “Braseiro” (2005). Ouvi o álbum uma vez só. Mas via que Roberta estava cantando nos lugares mais falados no meio musical carioca. E que estava cantando com gente da pesada, participou do DVD do MPB – 4, que comemorava 40 anos de carreira. O grupo, por sinal, participou do “Braseiro”, cantando “ Cicatrizes”. “Que Belo Estranho Dia...” também tem participações especiais de peso. Lenine canta com Roberta “Fogo e Gasolina” e Pedro Luís fecha o disco em “Girando na Renda”, música dele. Em uma entrevista para Marília Gabriela, ela diz que seu CD é “leve e bem humorado, pra te fazer feliz”. Eu assino
Roberta me surpreendeu muito, apesar de já apostar as fichas nela desde a época do “Fama”. Pra mim, ela já é uma intérprete e não apenas uma cantora. Já é batido, quase um clichê dizer que Roberta Sá é uma das maiores cantoras da nova geração, que sua voz está madura e que seu timbre é de dar inveja em muita gente que faz sucesso por aí. Mas é impossível discordar de tudo isso e não dizer: “ela veio pra ficar.”