Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade da alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado, a autora da poesia acima é mineira como eu. Nascida e criada em Divinópolis, viveu a tradicional vida de interior . Sua obra tem total influência desse tempo. E o " Com licença poética", apesar de fugir um pouco dessa característica, é um dos meus poemas prediletos. E isso, simplesmente, por ter alguns versos simples, lindos e significativos, com os quais me identifico. Isso vocês vão perceber aos poucos, à medida que esse blog for sendo preenchido. Certa vez, meu pai esteve com ela em algum evento em Belo Horizonte. Era próximo ao meu aniversário. Ele comprou uma antologia de seus poemas e ela autografou: "Para Elis, que ama a poesia, só carinho. Adélia Prado." Por tudo isso, o primeiro post do meu blog é em homenagem a ela.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Te vejo nesse poema!
e vc ja me emprestou esse livro!
hehehe
bjooo
minha jornalista preferida!!!
Aí Elis! Mandou muito bem no primeiro post, vai fundo!! Bjo!
eeee, adorei!
cla clap clap!
vida longa ao sereno!! hehe
bjo élisss!
bernardo
Postar um comentário